Universidade Federal
do Rio Grande do Sul
Faculdade de Educação
– FACED/PEAD
Keli
Denise Goulart Fraga
Infâncias
étnico-raciais e O Brincar na infância e na Educação Infantil
Todos os autores, de uma forma
ou outra, contribuíram bastante para a minha aprendizagem. Porém, sem dúvida
nenhuma, aqueles que ,com certeza, me
encantaram e me fizeram refletir sobre minhas práticas foram KIRCHOF, Edgar; BONIN, Iara, SILVEIRA, Rosa Hessel em A diferença étnico-racial em livros brasileiros para crianças: análise
de três tendências contemporâneas e o vídeo Carambola: O Brincar está na escola.
Trabalhar os afrodescendentes,
sua cultura, origens e sua colaboração para formação da sociedade é fácil,
afinal é só ler alguns livros e fazer alguns trabalhos de Artes. Será? Através
das leituras constatei que trabalhar sobre as etnias é muito mais do que ler os
livros. É preciso saber qual o objetivo daquela obra. Por incrível que pareça
nunca tinha visto sobre esta ótica. Planejei a leitura de muitos livros e até
realizei atividades interessantes sobre eles. Mas, agora sei que as minhas
escolhas não foram conscientes. Entendi que para ser um trabalho envolvente e
que dê resultados, não basta apenas falar sobre personagens negros, indígenas
ou integrantes dos grupos considerados discriminados. Eu preciso ter um olhar
crítico sobre cada obra, examinar qual é a abordagem feita sobre a temática étnico-racial. Não era o
que acontecia. Abordava o racismo e os preconceitos de uma forma indireta,
quando acontecia algum fato na escola, na mídia ou em alguma data específica. Percebi que, ao contrário,
precisamos discutir sobre estes assuntos durante todo o ano e utilizar a
literatura é uma forma eficiente, prazerosa e lúdica para as crianças. Os
livros, quando bem escolhidos, fazem com que
os alunos entendam melhor o significado das diferenças e lidem de uma
forma descontraída com assuntos tão sérios. Precisamos entender que cada
criança é fruto das experiências vivenciadas não somente na escola, mas também
na família. Elas trazem para a sala de aula todas as formas de ver e entender o mundo. A nós,
professores, cabe trabalhar as diferenças, mostrar que elas existem, que fazem
parte do nosso dia a dia, mas que não precisam ser a razão de
desentendimentos, ofenças ou mesmo de “brincadeiras”. Acredito estar mais
consciente para realizar bons trabalhos sobre estes temas.
Outra questão tão interessante
quanto a que já foi abordada, é possibilidade real, de escolas inovadoras que foram
exemplificadas no vídeo Carambola: o Brincar está na escola. Adorei o que
assisti. Vi que é possível trabalhar de uma forma diferente. As experiências de
aprender brincando vem de encontro com que eu sempre acreditei, mas sufoquei
por anos de aulas massantes, conservadoras e sem estímulo nenhum. Recordei o
início do meu curso: era cheia de ideias, fomentadas pelas aulas de magistério.
Lembro que meus planejamentos eram recheados de brincadeiras, jogos e
descontração. Os conteúdos eram trabalhados,
mas ludicamente.
O Projeto Carambola
mostra crianças de todas as idades e de turmas interagindo, aprendendo com
alegria. As professoras demonstram prazer em ensinar, estão envolvidas na
aprendizagem dos alunos. Na
escola, as crianças devem encontrar oportunidades para desenvolverem
habilidades sociais, críticas e de autonomia. E é o educador que deve auxiliar
seu aluno a aumentar sua capacidade de aprendizado, mantendo-o motivado.
Utilizar as brincadeiras como ferramentas pode ser uma ótima ideia. As crianças
não têm medo de errar, ou explorar possibilidades, aceitam melhor o seu erro e
aprendem com ele durante as brincadeiras.
Certamente é muito difícil,
com a realidade que temos nas escolas, introduzir um projeto tão inovador, onde
as crianças tem voz ativa, espaço para decidir como vão realizar as tarefas
escolares. Dito deste jeito, parece que não há interferência do educador, pelo
contrário, ele está desenvolvendo a autonomia, o poder de escolhas com
responsabilidade dos alunos. Os projetos político pedagógicos das escolas falam
sobre auxiliar o aluno a tornar-se um cidadão crítico e participativo. Na
prática, o que acontece é uma enxurrada de conteúdos. As crianças são
preparadas para resolver cálculos, desafios matemáticos, ler e escrever textos.
Desenvolvem a ortografia, caligrafia, um pouco do raciocínio lógico,
respondem as perguntas de acordo com o
texto, literalmente, mas não compreendem
o seu significado e quando pedimos que deem sua opinião, respondem
com monossílabos. Esse alunos decoram as matérias, realizam as atividades,
respondem o que lhes é questionado. Não são o resultado da escola que eu
acredito.
Quero que meus alunos aprendam
a questionar, criticar, se expressar através da oralidade e da escrita. Quero
que sejam capazes de resolver as questões do dia a dia com autonomia. E se
brincar auxilia nesta aprendizagem, porque não utilizar esta ferramenta?
Brincar é essencial, desenvolve a criatividade, o senso crítico, a ideia de
compartilhar, de aceitar as diferenças, de
ser responsável por suas escolhas. Brincar é sinônimo de aprender. Se o
objetivo do educador, seja ele da rede particular, estadual ou municipal, é
ensinar, então está na hora de colocar
as brincadeiras dentro das salas de aula e aprender com os alunos, que brincar
é coisa séria. Este é meu novo projeto para o ano letivo de 2016.
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